Jornal do Centro | Meia centena de trabalhadores das finanças manifestaram-se em Viseu

Profissionais da Autoridade Tributária e Aduaneira exigem melhores condições de trabalho, como falta de recursos humanos, envelhecimento dos quadros, subcarga e pressão, falta de equipamentos e o direito à medicina no trabalho

 

 

 

Cerca de meia centena de trabalhadores das finanças manifestaram-se esta manhã junto à repartição de Viseu. Os profissionais da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) exigem melhores condições de trabalho. Entre as reivindicações estão a falta de recursos humanos, o envelhecimento dos quadros, a subcarga e a pressão a que estão sujeitos, a falta de equipamentos e exigem ainda o direito à medicina no trabalho.

“O estado social é essencial para que todos possam ter acesso à saúde, ensino ou segurança, mas sem o dinheiro dos impostos não existem estes serviços públicos que são essenciais para o país funcionar. Por isso, um dos objetivos desta manifestação é alertar a população para a importância destes profissionais”, explicou aos jornalistas Ana Gamboa, presidente da direção nacional do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI).

Para a responsável, estes profissionais precisam de “condições de trabalho”. “Não só pela subcarga que sentimos no desempenho das nossas funções devido à falta de pessoal, como também a falta de equipamentos funcionais. Sentimos que não há um investimento suficiente, por exemplo em computadores ou telemóveis. Há muitos trabalhadores que para fazer funções de atendimento telefónico usam os seus próprios equipamentos”, disse.

Ana Gamboa destacou ainda a necessidade de rever a progressão na carreira já que, segundo as regras atuais, “para se chegar ao topo da carreira são necessários 90 anos”.

O envelhecimento do quadro de pessoal é outra das reivindicações, numa altura em que a média de idades é de mais de 55 anos. “A AT cumpre sistematicamente os objetivos de cobrança e de arrecadação da receita fiscal e somos cada vez menos e isso pode levar à ideia de que os que cá estão chegam, mas a verdade é que muitos profissionais trabalham fora de horas e sob uma grande pressão”, sublinhou.

No distrito de Viseu trabalham na autoridade tributária 199 funcionários. Segundo João Neto, da direção distrital de Viseu do STI, “desses 103 têm mais de 59 anos e desses 74 trabalhadores têm mais de 63 anos”.

O responsável deu o exemplo da repartição de Cinfães, que conta com cinco trabalhadores. “Se todos os colegas saírem, este serviço vai esvaziar-se”, disse.

Outros dos problemas são as condições de degradação de algumas instalações. “No distrito de Viseu a situação até está melhor, mas chegamos a ter situações complicadas, como Nelas mas que agora está melhor. Mas Resende ou Santa Comba Dão necessitam de intervenções”, explicou.

A greve marcada para hoje, que começou com uma concentração em frente às finanças e uma marcha até ao Rossio, era de âmbito nacional e contou por isso com a presença de trabalhadores dos distritos de Viseu, Aveiro, Vila Real, Guarda e Porto.

Devido à greve, que foi convocada a 1 de março e termina a 1 de abril, o serviço de finanças esteve encerrado esta manhã e, segundo o sindicato, durante este período de greve os serviços poderão sofrer alguns constrangimentos.

“A greve é parcial, é às três primeiras e últimas três horas. O objetivo não é a paralisação e o encerramento massivo dos serviços, porque não queremos causar mais constrangimentos do que aqueles que os cidadãos já sentem no dia a dia, por não serem atendidos como pretendem e, muitas vezes, atribuem essa culpa aos trabalhadores, mas a verdade é que não conseguimos prestar um serviço melhor porque não temos condições para o fazer”, concluiu Ana Gamboa.

Noticia publicada no Jornal do Centro no dia 15.03.2023