14 Dez Trabalhadores dos impostos ‘indignados’ com campanha anticorrupção em curso | Diário de Notícias
Em causa mensagens de acusação implícita generalizada aos funcionários públicos.

O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) condena a campanha anticorrupção em curso, por veicular mensagens de acusação implícita generalizada aos funcionários públicos, causando a indignação de trabalhadores da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT).
“Esta campanha (…) tem causado indignação junto de trabalhadores da AT que todos os dias dão a cara por uma organização cada vez mais decrépita e desorganizada, em que não se investe nem em meios humanos nem em equipamentos, nem em orientações para melhorar a qualidade do serviço prestado”, denuncia o sindicato, em comunicado divulgado esta quarta-feira.
Em causa estão cartazes, da campanha do Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC), em curso, lançada pelo Governo e enviada à administração pública, onde se lê “Um funcionário público recebe dinheiro para não aplicar uma coima – Isto é corrupção – Diga não!”.
O sindicato defende que fazer este tipo de campanhas “não cumpre o objetivo que se pretende e não traz nada de positivo para o país”. E considera a campanha em curso “ofensiva e redutora” do combate, exortando o Governo a fazer campanhas para combater a corrupção política, “em vez de veicular mensagens que deixam implícita uma acusação generalizada aos funcionários públicos”.
Os trabalhadores dos impostos defendem investir na reorganização e na qualidade dos serviços públicos e em campanhas que promovam a dignificação profissional dos funcionários públicos e que foquem a atenção na corrupção política, que os indicadores de perceção da corrupção “apontam ser este o principal alvo a combater”.
Para tal, o sindicato anuncia ainda que vai divulgar nas redes sociais e junto dos seus associados um cartaz onde se lê “Um político recebe dinheiro para facilitar um negócio – Isto é corrupção – Diga não!”.
O STI lembra o relatório de perceção da corrupção de 2021 da Transparency International (TI), que diz dar conta de falhas no combate à corrupção em Portugal, nomeadamente na estratégia nacional, e lembra que, de acordo com a TI, a razão para tal suceder deriva de deixar de fora, deste combate, os gabinetes dos principais órgãos políticos e todos os órgãos de soberania, incluindo o Banco de Portugal.
“Por outro lado, o Governo devia investir em campanhas para combater a fraude e evasão fiscal e em meios para permitir este combate, pois isso sim poderia ajudar o país a ser mais justo”, considera o STI.
Também a Federação dos Sindicatos da Administração Pública (Fesap) repudiou, na segunda-feira, esta campanha, considerando-a “repugnante e ofensiva” para os trabalhadores, exigindo ao Governo o seu cancelamento e a retirada dos cartazes já afixados.
“A campanha que está a ser levada a cabo por aquele organismo governamental recentemente criado, através da afixação de cartazes nos serviços públicos, é repugnante e ofensiva para os trabalhadores e para os cidadãos”, afirmou a Fesap em comunicado.